O tempo parece engolir tudo o que conheço. Corro sem saber para onde, e no meio do caminho, algo se perde. Perdi as chaves daquilo que um dia chamei de lar. Não um lar de paredes e portas, mas aquele abrigo silencioso que existe dentro da gente.
O vazio vem acompanhado com a sensação de estar presa em uma gaiola invisível, onde o mundo continua girando, mas o coração o acompanha. O silêncio se torna um espelho e nele, vejo refletido a voz que tanto ignoro: a alma pedindo passagem.
Para sentir o sopro divino é preciso atravessar o deserto.
Não há atalhos, não há promessas fáceis. É ali, entre a dor e o pó, que descobrimos que sonhar ainda é um ato de coragem, mesmo quando chão queima, mesmo quando o corpo cansa.
Atravessar o deserto da alma é entender que cair faz parte. Que há beleza no levantar, mesmo sem saber o que vem depois. E que a fé não é apenas certezas, mas também impulso. O caminho mais árido pode ser o mais sagrado, porque é nele que a alma aprende a respirar.

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