31 de outubro de 2020

Os palpiteiros



Estou rodeada de vários palpiteiros. 

Comentadores assíduos da vida alheia que não perdem nenhuma oportunidade de darem sua opinião. 

A conversa é sobre a vida do outro? Tem coisa mais prazerosa que a maledicência? Fofocar é uma delícia. Dá uma cosquinha gostosa na língua! Conselhos? Todos têm. Todos sabem exatamente o que você deve fazer. Seus problemas tem solução, pois basta encontrar um palpiteiro para ser iluminado por virtuosos conselhos. Pra quê pagar psicólogo se posso me orientar com esses nobres conselheiros? 

Em toda conversa o palpiteiro se intromete. Não tem uma que ele não perde a chance de ficar calado! Não espera ser convidado pra conversa. Entra nela quando quer, fala o que quer, sai dela quando quer. A intromissão na vida do outro é tão normal que ele mesmo não percebe os absurdos que fala. É o famoso: falar pelos cotovelos. Muitas vezes, ouvimos conselhos que o próprio palpiteiro não segue, não pratica, não vivencia.  

E na brisa dos palpiteiro acabo sem querer comentando assuntos que não domino, que não tenho pleno conhecimento de causa e efeito. A vida do outro é um mistério! A onda é tão forte, que acabo me chicoteando com a própria língua. Mas... Toda vez que um palpiteiro surgir, eu deveria mentalizar um mantra: "a vida do outro não me diz respeito". Você pode falar o que quiser. Posso até emprestar meus ouvido, mas me reservarei a não fazer mais comentários.  

O coração do homem é terra que ninguém pisa, já dizia minha mãe. Quem há de saber quem é o outro por inteiro? Quem há de entender a complexidade de cada indivíduo: seus gostos, suas motivações, suas influências? A vida do outro não me diz respeito. Vou repetir. O que o outro faz não é da minha conta. Quem dita regras sociais de comportamento são os ditadores e a humanidade já conheceu um monte deles. 

 Segue o link das Redes Sociais





Madame baixo astral

 


Quando ela adentra no ambiente pode saber: vai chover, chover lágrimas. Essa garota é tão melindrosa e sensível que qualquer "A" dito de forma enérgica é o suficiente para vê-la chorar. 

A madame baixo astral é semelhante aquela personagem do filme Divertidamente: A Tristeza. Para ela, nada é possível. Qualquer dificuldade é motivo para desistir. Qualquer empecilho à vista, ela prostra no chão e diz: não dou conta. 

A madame baixo astral não acredita muito em si mesma. Você pode mostrar para ela todos os talentos que possui, mas ela sempre focará em seus próprios defeitos. Ela não faz por modéstia ou humildade. Não pense que ela gosta de receber elogios, mas é porque ela realmente não acredita nela mesma. 

Tenha paciência com a madame baixo astral. Abrace-a com cuidado. Pegue um balde para conter suas lágrimas. Vai mostrando aos poucos que não há motivos para tanta insegurança e que o medo, muitas vezes, é fruto dos pensamentos. Sua autoestima tem que ser constantemente trabalhada para que no futuro ela saiba expressar todos seus potenciais. E a madame baixo astral só não pode esquecer nesse processo de uma coisa: jamais permitir que seu sorriso seja apagado pela escuridão, pela dor, pela tristeza, pela descrença.  

4 de outubro de 2020

Conformados e Inconformados: qual você é?


Ninguém está satisfeito. Sempre há algo para reclamar. Nada está bom o suficiente. Se resolvemos um conflito outro surge instantaneamente. A vida pode até lhe oferecer facilidades, mas os problemas são mais instigantes. É o famoso: procurar cabelo em ovo ou chifre em cabeça de cavalo. As pessoas a sua volta podem lhe oferecer soluções, mas você recusa toda mudança que haveria se houvesse ao menos uma atitude, se houvesse ao menos uma sincera vontade em querer mudar. 

Os reclamantes alugam seus ouvidos com suas dolências e nunca se cansam de contarem a mesma história para si e para os outros. Acreditam-se serem vítimas. Querem clemência alheia e olhares piedosos. Mas o que fazem para mudarem? O que fazem para sair da situação lamacenta da qual reclamam? E aí, eu percebi que o mundo é dividido por dois tipos de pessoas: as conformadas e inconformadas. 

Os conformados são aquelas pessoas que se acomodam diante ao problema, que negam a solução e não se cansam de reclamarem da vida. Para eles, nada está realmente bom. Você pode se matar para tentar agradá-los, mas são pessoas exigentes. Manipuladores por natureza, vão contar-lhe histórias de como a vida é ruim com eles e você vai emprestar sua empatia e ouvido enquanto permitir ser sugado. Os conformados não querem mudanças por mais bosta que sua vida seja. Pelo menos a rejeitam por medo, fraqueza ou covardia. É mais fácil ter alguém para culpar do que assumir a própria responsabilidade por sua vida. Como dizia Paulo Coelho: "Sonhos dão trabalho". E quem diz que os conformados querem ter o trabalho para mudar?

Já os inconformados são justo aqueles que não tem medo da mudança. E mesmo que essa mudança provoque "dores" na própria alma, eles estão dispostos a enfrentarem. Eles estão constantemente buscando se melhorarem como seres humanos. São empáticos, mas isso não é sinal para que as pessoas se aproveitem da sua cordialidade. Os inconformados não se estagnam em relacionamentos mortos e nem tem medo de encararem a solidão. Para eles, é melhor estar sozinho do que mal acompanhado. Os inconformados não ficam alugando seus ouvidos com suas experiências dolorosas. Para eles, cada experiência foi necessária para aprender algo. A vida é encarada como uma jornada de descoberta e aprendizado. Não guardam rancor. Não ficam remoendo acontecimentos passados. Não tem medo de se afastarem de pessoas invejosas e negativas. Cortam os vínculos improdutivos, tiram as ervas daninhas do jardim e estão sempre buscando solucionar seus próprios problemas. Sonhos dão trabalho, é verdade, mas para os inconformados o trabalho é um processo de esforço e superação. Estão sempre visualizando o melhor para si e para os outros.

E aí, em qual dos dois perfis você se encaixa? Um pouco dos dois? "Michele, quer dizer que não se pode mais desabafar os problemas?" É claro que pode e isso tem que ser feito, ainda mais se você encontrar um profissional pra lhe ajudar nesse quesito. Desabafo e reclamação são duas coisas diferentes. Desabafar é colocar para fora aquilo que você não consegue lidar sozinho. É um processo de análise em que você procura uma ajuda externa para enxergar o que você lida de um modo diferente e o trabalho dos psicólogos estão nesse olhar "diferente", nessa nova perspectiva que lhe possibilitará mudanças mais efetivas.

Mas se sua reclamação é repetitiva, se você conta a mesma história de sofrência, eu lhe pergunto: o que você está fazendo para mudá-la? Você está buscando mudar perspectivas? Você está buscando cortar o mal pela raiz? Reclamar é fácil. Reclamar do trabalho, das pessoas, da sociedade, do mundo. Mas o que você está fazendo para contribuir para um mundo melhor? São essas perguntas que separaram os conformados dos inconformados.

Os conformados vão negar que são conformados. 

Ainda permanecem cegos as possibilidades que a vida lhe oferta em fazer as coisas diferentes.