Meu caro amigo pisciano, dos
olhos meigos e aconchegantes, cuja presença iluminou minha existência. Escrevo
para ti, certo de que as palavras não serão o bastante para exprimir meu
sentimento saudosista pelos dias que caminhamos juntos por debaixo do mesmo
céu. Não sei ao certo como iniciar uma carta. Poderia muito bem falar algo
qualquer sobre o tempo, mas como falar de algo tão incerto e mundano como o
TEMPO?
Vejo as pessoas por ai, correndo,
apressadas, em um ritmo frenético. Com suas percepções alteradas, ignoram-se
muitas vezes os detalhes. Com sentimentos imediatistas, muitas vezes saboreiam
o prato frio sem direito a sobremesa. Inimigas do tempo, que este, tão ardiloso
e cruel, fazem com que elas entrem em uma espécie de corrida sem saber por que
correm e o que as motiva. “Mas que ideia absurda”, diriam, “não tenho tempo
para pensar nisso!”. Elas passariam a vida inteira achando que o tempo era
demasiadamente pouco e em suas “pseudo folgas”, lotariam as filas de cinema,
fast foods e shoppings, caminhando feito zumbis, tentando preencher o vazio de
seus íntimos com a superficialidade imposta por essa sociedade hedonista. O
Tempo não para e também não volta.
Cada minuto é precioso. Não é no
passado ou futuro que encontraremos aquilo que Eu ou Você necessitamos para “evoluir”,
mas tudo isso estará no PRESENTE, especialmente as tarefas designadas a nós
dois com um único propósito: APRENDIZADO. Olha que maravilhoso. No presente, no
aqui e no agora, tenho tudo o que necessito, como nesse exato momento em que lhe
escrevo esta carta: tenho papeis e um lápis, um instrumental inspirador e uma
vontade sincera de lhe escrever algo, que aparentemente não tem sentido.
Cada minuto é preciso e se não o utilizamos
com consciência, nos restará no futuro apenas o lamento daquilo que poderíamos ter
feito. Se bem, que sinceramente, isso não importa Marco. A cada dia, ganhamos
uma página branca, cujas linhas preencheremos segundo a nossa vontade, certos
de que as Leis Universais operam para todos.
Surpresas que nos acontecem,
fazem com que a vida ganhe mais leveza. Coincidências no dia-a-dia que nos
trazem a leve sensação de que nada é por acaso, tudo é providência! Nos gestos
singelos, nos olhares sinceros, nos sorrisos espontâneos, no abraço amigo. Nas
palavras doces e no toque acolhedor. Nos corpos que dançam e a presença
cintilante do silêncio carinhoso e incentivador. Nos momentos inesperados de
alegria e nas lágrimas que choram pelo desejo do fazer o BEM. Sentimentos
vivos, que se transmutam, conectando com a Alma do Mundo. Estão presentes a
todo instante e só seremos capazes de conceber a dádiva de cada minuto quando
removermos totalmente os entraves de nossos olhos.
Saudosista hei de ser, pelos tempos que se foram, pelos
ensinamentos que tive, pelas derrotas e vitórias que experimentei. Pelo gosto
amargo da decepção, mas também pelo suave e doce gosto da verdadeira afeição,
que aprendi a construí-la sob votos sinceros da total integridade e gratidão.
Por tudo aquilo que vivi, por todas as experiências seguidas de lições
preciosas no campo da dor. Agradeço, mas me despeço.
O que verdadeiramente
importa é o Aqui e o Agora. Sou apenas um viajante, seguindo por essa estrada.
Estou na busca de mim mesma, pois sei que o verdadeiro tesouro se esconde em
minha alma.
"Abraços e abraços, meu caro amigo Marco. Não estamos fisicamente
juntos, mas caminhamos por debaixo das mesmas estrelas, o mesmo Sol nos ilumina e pode ter a certeza que
em meu coração o carrego com muito carinho, meu Amigo de Alma!"