3 de novembro de 2024

Sonhos... Desejos do inconsciente?

 


Naquela noite eu tive um sonho estranho. Sonhei que você morria. Sonhei que eu observava você morrer e nada fazia para ajudá-lo. A sensação que tinha ao ver a cena era de alívio, não tristeza. Acordei espantada e em choque com meus próprios sentimentos. Estranhamente, na semana que tive este bizarro sonho foi na semana que você passou mal e eu tive que ficar um dia inteiro com você na UPA. E aquele dia foi um teste de paciência e de me fazer olhar mais uma vez para um tanto de sentimentos ruins que guardo com relação a você.

E aqui fica uma carta em aberto para ti, pois sei que você nunca a lerá, essas palavras nunca vão chegar até você e elas morrerão antes de alcançarem seu verdadeiro intento.

No fundo, eu nunca te perdoei por ter me deixado para trás. Eu não queria ter sido abandonada por você ainda recém nascida. Eu tinha tantas idealizações de querer ter crescido com um pai presente que isso continua sendo uma ferida aberta em mim. Cresci sem referências de como me posicionar no mundo, sem uma referência masculina forte, estável e presente para me mostrar como ser alguém decidida e segura dos meus passos. E todas as figuras masculinas que tentaram substituir seu espaço, não o fizeram tão bem assim, pois o seu espaço era insubstituível. 

Eu precisava de você para crescer forte. Eu precisava de você para ser minha rocha nos momentos de instabilidade. Eu precisava de um pai e nunca tive de fato um. E isso é algo que dói em mim quando olho pra você, desfalecendo nessa cama, prostrado pelo envelhecimento de seu corpo; dói quando me pego pensando no tempo que perdemos e em toda distância que nos separou por ter sido um completo babaca individualista, por não ter pensado nem um pouquinho em sua família. Dói pai, tudo isso dói porque agora tenho que cuidar de você e isso se tornou um pesado fardo. 

E antes que me falem que é obrigação de filhos cuidarem de seus pais idosos, deixa eu contextualizar a situação: meu pai me abandonou com apenas 2 semanas, foi para outro país, nunca cogitou levar a família com ele e tampouco procurou ser presente. Nunca "cuidou" de mim, nunca cuidou de ninguém da sua família. Viveu a vida de modo egoísta. Fui conhecê-lo com 27 anos doente, velho, desmemoriado. E são longos 6 anos cuidando dele... cuidando de alguém que não cuidou de mim..  

Você tentou preencher sua falta com dinheiro e com aquilo que o dinheiro podia comprar, mas... olhando agora, o que o dinheiro comprou para você, para mim, para nossa família? O dinheiro não comprou afeto, não construiu relações. E todo poder que você almejava ter, com a definhação do seu corpo com o passar dos anos, esse poder não lhe serviu para ampará-lo em sua desgraça. E agora você está tendo que confrontar seu carma e tudo aquilo que rejeitou no passado e ainda que finja demência, sua consciência faz incessantes cobranças de como as coisas poderiam ter sido diferentes se você tivesse sido mais amoroso, mais atencioso; menos egoísta e mais família. 

Eu sei que a Espiritualidade tem alguma lição para me ensinar com toda essa experiência, mas está difícil enxergar sentido... está difícil, mas eu vou aprender com esse desafio. 

Mas acho que meu sonho foi meu inconsciente emergindo. Mostrando no fundo que guardo pensamentos sombrios, maléficos, não tão bons assim. Esse desejo é uma mistura de tudo: sentimentos de dor, de raiva, de nojo, de rejeição. Por um instante, desejei que tivesse chegado sua hora de partir, desejei de verdade me ver livre dessa obrigação, desse fardo. 

Não está muito correto esse tipo de pensamento, eu sei... e tento direcionar esses pensamentos quando vejo que estão indo para um caminho que também pode me destruir mentalmente. 

Naquele mesmo dia que o vi desfalecendo naquela cama, você olhou pra mim e eu olhei para você e quando eu falei que estaria com o senhor e que não era pra se preocupar, foi sincero também.


22 de outubro de 2024

Procuro-me dentro deste ser complexo chamado "eu"

 

Em algum momento tudo que outrora já fora existente serão apenas momentos vividos de um passado errôneo.
De uma vida que muita das vezes não se houve a mínima vontade de viver.
Dentre todas as experiências infinitas que a vida nos proporciona ainda assim continuamos capazes de nos sentirmos entediados.
Somos frágeis, irrefutáveis, e ao mesmo tempo tão fúteis, inovadores e experientes
A vida se torna uma ilusão de tudo aquilo que projetamos.
No fim, o que é isso?
Se não os momentos que já foram passados, se não todos os "presentes" já vividos.
O que é a vida?
Se não uma mera criação de cada ser que habita nesse universo.
Por que nos sentimos tão pequenos comparado com as oportunidades que nos são dadas?
A vida não somente seria "viver", mas sim uma dádiva de estar aqui?
Por que nos diminuímos tanto comparado ao que nos foi dado?
Por que somos capazes de sentir todas as emoções possíveis e independente disso, faremos de tudo que a pior seja a mais frequente.
Como dizia Freud "o ser humano tende a autodestruição".
E estamos constantemente nos destruindo, sendo sugados por outras pessoas, pela a correria da cidade, pela monotonia do nosso próprio ser
Sempre em busca de sair desta bolha que nos prende e cada vez a tornando ainda mais resistente, impenetrável.
A sociedade que dizem ser líquida.
Estamos constantemente tentando fugir disso, sair daquilo que sempre achamos errado, que achávamos inútil
E acabamos nos perdendo dentro do nosso próprio julgamento. 
O que você enxerga fora desta bolha?
O que você sente fora disso?
Como saber que você está fora disso?
Por tantos pensei que houvesse alguma forma de sair disso, me tornar alguém que não fosse alienada e me tornei tudo aquilo que nunca quis. 
Estou imersa numa bolha que eu mesma criei
Me prendi e me transformei naquilo que tanto julguei
Sou fútil, superficial, sem argumentos próprios, dependente, presa em algo que eu mesma criei.
E ao mesmo tempo tão livre, tão capaz, tão suficiente.
Minha complexidade me mata e ao mesmo tempo me salva de mim mesma. 

8 de outubro de 2024

O primeiro passo depende de você...



Não tenha medo de sair pela mesma porta que entrou. 

O que te prende a um lugar que não te faz bem? O que te prende a um propósito que não faz mais sentido mantê-lo? O que te prende a um sonho alheio? Já dizia um filósofo: sonho que se sonha só, é só um sonho; mas sonho que se sonha junto, vira realidade. 

Nessa história toda, eu vejo você sonhando sozinha e lidando com seus sentimentos que foram rejeitados de um modo cruel e mesquinho. Na verdade, você não está mais sonhando. Você foi acordada pela realidade que te mostrou que nem sempre as pessoas que sorriem para ti são aquelas que desejam seu crescimento. Infelizmente, para elas... geramos apenas números, geramos algum valor. Mas, quando não somos mais capazes de gerar valor, somos dispensados, rejeitados, abandonados. Esquecem com facilidade das horas de dedicação, do esforço empregado para tornar real o sonho de outra pessoa. 

Eu observo a situação e sei que sua alma já não se identifica com aquele espaço. E vejo que quanto mais tenta ignorar os sinais de que precisa ir embora dali; mais você sofre, mais adoece e se entope de remédios. 

Eu quero aquela mulher altiva, carismática e alegre de volta. Mas por que só vejo você voltando a ser quem era, se for saindo pela mesma porta que entrou? Deve ser porque sua alma escolheu não estar mais ali. Ela já tomou uma decisão. Ela não quer estar em lugar que não se sente mais parte. Ela não quer lutar por um sonho que não é dela. Ela não quer ser apenas números. Ela quer fazer a diferença. Ela quer transmitir o conhecimento com quem quer aprender. 

Sua alma já decidiu. Só falta o coração e a mente processarem essa decisão.  

    

1 de outubro de 2024

O Moedor de Sonhos

 


Ela caiu em desencanto e mergulhou numa profunda tristeza. Quando viu que foi enganada, seu mundo desmoronou. Ela ficou paralisada  vendo seus sonhos tão acalentados, sendo colocados numa máquina de moer. Aquele triturador estava moendo cada parte do seu corpo. Começou por seus sonhos e logo após sua alma foi junto. Quando chegou em seu coração, seu instinto a fez reagir e em um ato desesperado, o pegou antes de vê-lo partir em miúdos pedaços. 

Segurando o coração em mãos, a moça não sabia mais o que fazer. Sem sonhos, sem alma, quem era ela naquele lugar que dedicou suas energias em torno de um propósito. Acordava religiosamente todos os dias junto com o primeiro raio de sol, preocupada em dar o seu melhor naquele trabalho, acreditando que um dia seria recompensada por seu esforço! Quanto mais se dedicava, mais palavras que a seduziam eram verbalizadas, mais encanto era gerado em troca de um serviço análogo ao escravo. Ela não percebeu que foi sugada dia-a-dia por uma oferta enganosa.  

Quando a mentira foi desmascarada, a verdade não lhe trouxe libertação. A verdade lhe trouxe tristeza, descrença, sofrimento... O pior é que essa história pode morrer silenciada ao ser ignorada. Não se brinca com sonhos alheios, não se gera desejos na mente do outro se não há propósito de consumá-los. Nessa história, eu só vejo um lado errado e não é da moça que segura seu coração.

Ela pode ter perdido seus sonhos na asa da descrença, mas eles voltaram nas asas da esperança.

Ela pode ter perdido sua alma quando confiou em outro Homem, mas a alma é uma centelha divina e ainda que sua chama se enfraqueça, ela não se apaga. 

Ela ainda segura seu coração. Enquanto estiver batendo, ela está viva.

24 de agosto de 2024

Minha Crise Nervosa...

 


Eu surtei com meus colegas de trabalho. Uma simples situação foi capaz de fazer meu copinho da tolerância transbordar. "Simples situação", assim foi nomeada por esses ditos colegas. Só que o gatilho da crise ... advindo de algo tão besta é apenas a ponta de um iceberg de situações estressantes que venho enfrentando... Sobrecarga de situações ruins pregressas me fez surtar. Surtei com alguém que não tinha nada a ver com a situação. A raiva tomou conta das minhas ações e ficou difícil controlar meu tom de voz, as batidas do meu coração e minha comunicação se transformou em um desastre oratório. Ela pedia: "calma Michele". Calma? Calma! CALMA? 

No momento, eu não lembro exatamente as palavras que usei. Mas estava tão brava por causa desses ditos colegas de trabalho que tentei controlar todas as emoções. Chorei muito a ponto de respirar profundamente e bufar (típico quando quero controlar o choro e não consigo). 

No decorrer do dia, queria evitar a todo custo ter que falar com essas pessoas. Ter que viver no "masking" para sobreviver no dia-a-dia chega a ser cansativo e desgastante. O gestor, vendo a proporção que a situação chegou mediante a minha crise nervosa, fez uma reunião de emergência e fechou a loja por 40 minutos. Ali, ele pontuou muitas coisas importantes para andamento da loja, para convivência de um modo geral da equipe, mas não sei se fez sentido para maioria porque quando ele virou as costas, as pessoas estavam cometendo os mesmos "atos", sem se importar com o que fora dito e expressado ali.  

Tem algumas coisas que eu já deveria ter aprendido ao vivenciar situações assim... por algumas vezes em ambientes coorporativos. Não é a primeira e nem será a última que lido com colegas de trabalho que fazem grupinhos de fofoca. Não é a primeira e nem a última vez que estou em um ambiente de línguas maliciosas que se unem para detonar um outro colega. Não é a primeira e nem última vez que deparo com pessoas que não fazem seus trabalhos, que ficam o tempo todo mexendo no celular enquanto há produtos para guardar, loja para organizar, clientes para atender. Não é a primeira e nem última vez que estou diante de pessoas que sujam e não limpam, deixando a pia da cozinha cheia de louças e farelos de pão. Mas eu já deveria ter aprendido. Tem seres humanos assim.  

O problema é que eu quero me distanciar emocionalmente das pessoas/situações, mas me "apego" muito a forma como eu acho que o mundo/pessoas deveria ser/funcionar e é difícil desassociar desse ideal... Por exemplo: eu sou muito organizada. Gosto de um ambiente organizado e limpo. Tento o máximo fazer isso no meu trabalho, manter minha seção limpa, organizada, precificada, tudo para melhorar a experiência do cliente na loja. Mas os ditos "neurotípicos" não se importam com a bagunça ou sujeira. E nem o mínimo que fazem, fazem bem feito. Aí... é isso. Eu organizo tudo. Guardo coisas da minha seção. Guardo coisas de outra seção. Pego para arrumar o que ninguém quer arrumar. E de pouco a pouco vou me sobrecarregando. Fora a falsidade que eu estava tendo que lidar...  

Aí você me pergunta: Michele, você é gestora? Não... sou um simples peão na roda. Então, por que você está dando importância para isso? Deixe que o gerente "gerencie". Isso não tem a ver com você, tem a ver com elas. O que o outro faz não lhe diz respeito. Continue fazendo seu trabalho, continue estudando e aprimorando seu currículo para conseguir algo melhor. Enquanto não acha um outro local, faça seu melhor onde estiver. 

É... esse pensamento acima é o ideal. 

Daqui uns dias retorno do período de férias que recebi. 

Eu estou com uma pequena crise de ansiedade mediante a situação.  

Não sei como vai ser... Mas já sei o que não quero mais viver nas minhas próximas experiências profissionais...

 



30 de junho de 2024

Eu ainda não vendi minha alma para o diabo...

O que é certo é certo. Não existe meio termo. Olhar para o mundo, ver suas injustiças e fechar os olhos quando elas acontecem do meu lado não é do meu feitio. Não consigo lidar bem com isso. Se eu quiser sobreviver no mundo corporativo, seja no meu local de trabalho atual ou em qualquer outro lugar, preciso fingir que não estou vendo as coisas erradas. Esse foi o conselho que recebi de alguém que já foi chefe durante gestões públicas de esquerda e direita. Nunca se dobrou diante a oposição, soube liderar as diferenças e uni-las em nome de um bem comum. Será que sou capaz disso? Será que minha rigidez cognitiva vai ser flexível e se dobrar diante as maldades alheias cometidas em ambientes corporativos?

Essa semana aconteceu algo que me deixou muito chateada. Identifiquei o autor das intrigas geradas na equipe. E lá vou eu outra vez, levantar o bastião da justiça com risco de ter a cabeça cortada. O alvo é alguém protegido do chefe. Chamemos ele de o "funcionário intocável". Sabe aquele indivíduo que adora puxar saco, adora um leva-e-traz de informações criando inimizades e intrigas na equipe, manipulando colegas para que fiquem um contra o outro? Estou tendo que lidar com um tipo assim atualmente.

Nessa semana, fora os inconvenientes que ele vem gerando entre nós, o "funcionário intocável" transgrediu uma regra; regra que foi muito clara bem no início em que foi apresentada. Contudo, o "intocável" fingiu desconhece-la, tirou vantagem da desatenção de seu superior e ficou por isso mesmo. Como eu poderia ficar calada vendo tudo isso acontecer? Eu sou autista, mas não nasci muda. Se há uma injustiça, ela deve ser exposta. Se há um erro, ele não deve ser corrigido com outro erro. Não se passa a mão na cabeça de quem errou, pois ele não tirará nenhum aprendizado de tal situação. Seja por dissimulação, por falta de caráter, por ingenuidade, por omissão ou por desatenção; erros não são corrigidos premiando quem errou.  

Amanhã será um dia de cortar cabeças. 

Talvez a minha role dessa vez, mas vai rolar ladeira abaixo sabendo que falei o que era certo, ainda que tenha gerado constrangimento e incomodo. 

Eu ainda não vendi minha alma para o diabo. 

Meus valores não estão corrompidos com a podridão do mundo.


22 de junho de 2024

Meu Shutdown - sobrecarregando meu sistema interno...



Em dezembro de 2023 recebi meu diagnóstico de autismo e TDAH de uma neuropsicóloga especialista em TEA. Uma avaliação neuropsicológica não é uma simples entrevista que você faz com um psicólogo. Pelo contrário. A avalição tem várias atividades selecionadas para avaliar o nível cognitivo do paciente e suas formas de percepção da realidade que o cerca. É um diagnóstico tardio para quem viveu a vida toda sofrendo as penalidades de tais condições... Mas... nunca é tarde para se conhecer, não é mesmo? 

Essa semana levei meu diagnóstico para o neurologista. De cara, ele já me disse que precisaria avaliar minuciosamente esse laudo, pois ficou faltando algumas informações mais detalhadas de alguns resultados. Me deu até uma solicitação para encaminhar para neuropsicóloga que fez a avaliação. Farei com ele também acompanhamento médico mensal para tratar os sintomas do TDAH, parte essa da minha personalidade que me prejudica bem mais que o autismo. Me sinto muito incomodada com minha falta de atenção, com minha procrastinação e dificuldade para me concentrar nos estudos. 

Não queria que minha mente fosse dessa forma. Só quem sofre com o TDAH sabe que é uma luta diária com seus próprios pensamentos que estão em uma guerra constante e aí, com as pressões do trabalho, pressões familiares e sociais, com a sobrecarga sensorial que vivencio diariamente, meu sistema interno entra em um tal de "shutdown do autismo", um ato que me faz querer se desligar por completo. Tudo o que eu quero depois de um dia de trabalho é chegar em casa e me enfiar debaixo do cobertor e ficar por lá. Lá é tão bom, tão aconchegante... mas com os pensamentos intrusivos, que não param por nada, todo segundo que passo descansando é cobrado por uma voz que fica falando: "você poderia estar fazendo algo com o tempo que você passa olhando pro nada"; "você poderia estar estudando se você quer virar programadora"... "você poderia estar gravando vídeos para o canal..." e por aí vai... os pensamentos não param. Meus pensamentos são armadilhas... armadilhas que me prendem e não me soltam enquanto não me verem derrubada e sem forças. 

Hoje, meu dia foi assim: sem energia para fazer alguma coisa. Percebi que no dia anterior eu havia me esforçado para ser sociável, pra fazer boas vendas, impressionar meu público e trazer uma energia de empolgação para o ambiente. Até que eu fiz algumas coisas direitinho -só acho. Cheguei em casa exausta com tanto "esforço" empregado. No outro dia, eu estava igual um zumbi e trabalhei dessa forma durante 6 horas direto. Sem energia alguma. Minha bateria social foi pro espaço. Tudo o que eu queria era chegar em casa, tomar um banho quente e entrar debaixo das cobertas em plena 16h daquela tarde. Normal? Talvez seja. Não sei se é uma exclusividade de quem vive no espectro autista. Não sei se quem é normal também é assim. Esse não é um episódio incomum na minha vida e sei que estarei sujeita a viver com isso, pois eu nasci assim. 

Sabe o que é foda? É que as pessoas que não estão vivendo com isso, acham que ser autista/tdah é uma escolha voluntária... você é assim porque você quer! Você acha mesmo que eu gosto de ser distraída? Você acha mesmo que eu gosto de começar algum estudo e largar no meio do caminho? Você acha que eu gosto conhecer pessoas e não lembrar o nome delas? Você acha mesmo que eu gosto de ficar isolada no meu canto enquanto as outras pessoas estão socializando? Se bem que eu gosto bastante de ficar no meu canto.

Enfim... acho que se fosse para escolher, eu queria ser "normal"... Normal? 

Será que isso é legal?