27 de setembro de 2025

Minha pequena garota corajosa

 


Ela é uma garota corajosa.

Deixou tudo o que era conhecido e confortável para ficar alguns meses em uma terra desconhecida, com outros hábitos, outros costumes, outra forma de existir. Quantos têm coragem para isso?

E se você soubesse que está prestes a viver a maior experiência da sua vida, você teria coragem de abandonar o que é cômodo e seguro? Você teria coragem de enfrentar o novo, sem garantias, sem um roteiro pronto, sem saber se vai dar certo?

Eu me pego pensando nisso. Acho que falta isso em mim: coragem. Não aquela coragem de grandes heróis, mas a simples coragem de abrir mão do que já sei, de soltar as amarras, de atravessar a ponte sem olhar para trás.

Talvez a coragem não seja ausência de medo, mas a decisão de seguir mesmo sem saber se vai dar certo. Talvez seja dizer “sim” ao desconhecido mesmo com a voz embargada. Talvez seja aceitar que viver exige risco e que o maior risco de todos é permanecer imóvel, quando a vida está chamando para além do que é confortável. Um salto de fé que pode te tirar do escuro e descobrir um novo estilo de vida mais compatível com as coisas que você gosta.

Quero encontrar a mesma coragem que vejo nela em mim. Porque, no fundo, a coragem dos outros sempre desperta um sussurro dentro de nós de que: “você também pode”.

Te amo, minha pequena garota corajosa.

O valor de ser escutado...

 


São raras as pessoas que ouvem o que você fala sem julgar, sem comentar. Elas ouvem com atenção cada palavra e frase solta da narração de uma pequena história de vida intensa e confusa. Quando paro para pensar na minha própria história de vida, algumas situações ficam assim: incontáveis. 

Não tenho uma memória boa. Não guardo nomes com facilidade. Se não vejo a pessoa no meu dia a dia... o fato de ela ter existido na minha vida vai se apagando lentamente... e no fim resta apenas uma vaga sensação de: “conheço essa pessoa de algum lugar”. Sério, minha memória é péssima para fisionomia e nomes. Raramente lembro de histórias da minha infância, adolescência, salvo aquelas que são recontadas religiosamente em um café da tarde com minha mãe ou as que mais me marcaram.

Então, quando é para falar algo que aconteceu no meu passado, não encontro as palavras certas e tento resumir ao máximo as experiências. Por que? Primeiro: pode ser entediante para quem ouve, segundo: não lembro com detalhes cada cena, cada gesto, cada palavra. Mas hoje encontrei alguém que queria ouvir o que tinha a dizer.

E ouviu com atenção, sem julgar, sem criticar... É raro esbarrar com alguém assim. Alguém que realmente te ouça, ouça suas dores, não julgue e nem diminua. Não inferiorize sua experiência querendo contar vantagens.

E talvez seja isso que dá valor às nossas histórias: quando encontramos alguém disposto a acolhê-las, mesmo que fragmentadas, mesmo que sem todos os detalhes. Porque no fim, não é a perfeição da lembrança que importa, mas a conexão que nasce no instante em que alguém escolhe simplesmente estar presente: ouvindo, sentindo e permitindo que nossa voz exista inteira.