20 de abril de 2024

Organizando minha biblioteca interna...


Cheguei até minha psicóloga com a minha biblioteca de livros bagunçada. Os títulos que deveriam estar organizados por ordem alfabética, estavam todos trocados. As seções de cada gênero não estavam em seu lugar. A psicóloga estava ali pra me ajudar a colocar minhas coleções em ordem. Mas antes de organizar as prateleiras, cada livro deveria ser revistado a fim de avaliar a utilidade daquela experiência para construção do meu "Eu". E como foi estranho esse olhar de fora. Olhar pra mim e não me ver como protagonista da minha história. 

Uma hora de conversa passou voando. Uma conversa que me deixou a vontade para falar e enfim, era ouvida sem julgamentos e críticas. Ela me convidou a adentrar em outra seção não muito explorada: os porões da biblioteca. Ainda não desci lá. Mas vamos ter tempo para fazer isso. 

Na mesma semana que iniciei meu tratamento psicológico, comecei a tomar um remédio chamado Sertralina e para mim, ela funcionou tão bem, que seu efeito foi como um milagre para minha mente. Os pensamentos intrusivos sumiram por completo. O que ela fez foi desligar a torneira dos pensamentos negativos, pensamentos sobre TUDO. Meu raciocínio melhorou e minha dicção também. Agora estou mais calma. Menos ansiosa. Agora posso olhar melhor pra minha condição e com o auxílio da psicóloga, posso olhar para dentro de mim. Eu sempre falei muito de autoconhecimento nos meus textos, mas autoconhecimento qualquer um fala e quase não se pratica. E nesse percurso de olhar pra si, você precisa de um olhar de fora que não vai te julgar pelas suas decisões erradas. Precisa de alguém para te guiar por esse caminho, lhe fazendo enxergar as situações por outra perspectiva menos critica. Enquanto eu falava, ela dizia: "olha como você está se criticando por isso". 

Não é fácil organizar seu interior. Pode demorar... São 33 anos de bagunça.




Notas melancólicas...

 

Hoje, enquanto escrevo, percebi que estou a espera de um milagre. Às vezes, sinto que as coisas não fazem o menor sentido. Hoje eu o nomeei como o dia da "melancolia". A lembrança de um dia cinzento, entediado, sem movimento. A calmaria demais é algo que me incomoda. Reflexo, talvez, do meu TDAH ou é o fato que as vozes do inconsciente coletivo gritam para que as mudanças sejam reais e me alcancem? 

É surreal ver o tanto de gente que pegou dengue nesse início de ano. Eu ainda não peguei. Mas, se algum dia eu pegar, tenho certeza que é porque há água parada em mim. Há águas que estão paradas, proliferando e disseminando doenças. 

Essa sensação de frustração é decorrente de não ter ainda realizado o propósito da minha vida? O que dá para fazer agora, Universo? As escolhas refletem quem queremos ser. 

Hoje, vi que minha coleguinha de infância, se tornou uma terapeuta holística e taróloga também. Bateu uma inveja. Amarga inveja. Será que é esse o sentimento correto? Ela nasceu em um berço rico, pais bem instruídos e presentes. Ela nasceu em um lar não destruído, teve um campo fértil para florescer todas suas potencialidades e ampliar sua visão de vida. Ela já estava nesse caminho que os pais prepararam ao longo de suas vidas. O que ela fez foi seguir por essa via, aproveitando tudo o que a vida lhe ofertou. Agora, se foi fácil ou não seguir por esse caminho é outra questão. Estou julgando, sendo que eu nem sei se a realidade que ela está apresenta ou não seus desafios. Julgo ela pelas aparentes facilidades quando na verdade, de verdade, nunca sabemos o peso que é ser o outro. 

Minhas notas de hoje são melancólicas. 

Tem sabor de café amargo, intragável.